Não quero mais falar da minha família, talvez num futuro post eu volte no assunto, mas no momento quero falar sobre crianças, sobre a mente destes que eu creio entender um mínimo.
Todos falam que crianças são inocentes, não tem maldade, que são puros, eu tenho duvidas, pois quando pequena passei por situações que nunca esqueci.
A primeira que lembro foi com minha madrinha, eu era muito apegada a ela, e certa vez ela me levou na casa de uma vizinha, esta vizinha tinha uma filha mais velha do que eu, antes de irmos embora minha madrinha Encarnação pediu para me levar ao banheiro, e a dona da casa ordenou que a menina mais velha me levasse.
Já no banheiro a menina proferiu palavras que não entendi, me chamou de fresca e enfiou o dedo no meu olho, eu chorei e as duas amigas vieram ver o que acontecia, eu falei que a menina tinha enfiado o dedo no meu olho, mas a mãe inventou uma desculpa, o restante não lembro mais.
A segunda vez foi um fato que já mencionei aqui, mas vou relembrar, minha irmã mais velha era amiga da filha da vizinha que morava em frente a nossa casa, minha irmã foi lá conversar com ela e me levou, essa moça chamada Eni tinha vários irmãos entre eles uma garotinha mais ou menos da minha idade, minha irmã conversava segurando na minha mão, essa garotinha chegou bem perto de mim, me deu um enorme e sonoro tapa e abriu a boca a chorar.
Minha irmã na hora me deu varias palmadas e me repreendeu por algo que não fiz, eu não falei uma palavra, acredito que talvez eu ainda não tinha aprendido a falar, mas nunca me esqueci disso.
Entrei para o ensino primário aos seis anos de idade, lembro dessa data ate hoje, da minha irmã conversando com a professora enquanto ela fazia a minha matricula, eu encolhida de medo sentada na carteira que a professora indicou, a volta da escola para casa, a rotina diária.
Depois de algum tempo já sabendo o caminho passei a ir para a escola e voltar sozinha, pois naquele tempo era mais tranquilo e tinha um policial no horário escolar para atravessar as crianças na rua com segurança.
Em outra sala de aula tinha umas crianças bem morenas e maiores do que eu, talvez no segundo ou terceiro ano primário, eu era uma criança muito pequena para minha idade de seis anos, muito magra, branquinha com sardas no rosto, e cero dia elas me cercaram na rua e perguntaram algo que não entendi direito o porque, mas entenderia com o passar do tempo.
- ei menina! você toma muito leite?... (rindo)
- porque você esta me perguntando isso?...
Passei a ser perseguida por essas garotas, e para me livrar do assedio delas mudei o caminho, me livrando assim de um mal maior como agressão física.
Aos nove ou dez anos minha mãe me mandava ir ao empório, açougue, venda etc, um dia ela me mandou comprar carne, tinha um açougue no inicio da rua palermo, e lá fui eu
Nesta rua morava uma família cigana que tinha algumas meninas mais velhas do que eu, nesse tempo e ate dias de hoje eu caminho nas ruas absorta com meus pensamentos, as vezes nem vejo meu filho e sobrinhos ate que eles interrompam meu caminho
Acontece que quando passei por essa casa as garotas estavam no muro e começaram a mexer comigo, me chamando de orgulhosa e tal, eu ignorei e continuei sem dar atenção, mas as meninas por meio de um canudo atiravam canudinhos de papel em mim, retornei para casa escolhendo outro caminho.
Adulta casada e separada, construí minha casa em outra cidade e mudei com meu filho, foi muito bom para mim ter controle da minha vida longe dos meus familiares, aprendi a usar o Procon quando alguma coisa adquirida no comercio dava problema, certa vez fui ao Procon que fica na praça da Se na cidade de São Paulo, tinha uma fila enorme, a pessoa passava nessa triagem e depois era encaminhada para aguardar o atendimento nas mesas, tinha varias filas de cadeiras para que as pessoas aguardassem sentadas.
Estranhei que diversas pessoas estavam em pé sendo que tinha duas fileiras de cadeiras desocupadas, numa delas tinha uma garotinha de uns cinco anos sentada, pedi licença e ela me barrou o caminho para que eu não sentasse, então forcei o caminho e passei por ela que me desferiu diversos tapas, perguntei quem era a mãe daquele ser e chamei atenção da mulher que estava na fileira de trás, a dona falou algo sobre eu não ter paciência com crianças, eu respondi que se ela não a corrigisse dali alguns anos ela estaria apanhando da própria filha.
Numa outa vez eu estava sentada num banco esperando pela composição(trem) que me levaria para casa, sentou do meu lado uma senhora com uma menina de uns seis anos, essa criança começou me medir descaradamente me olhando dos pés a cabeça diversas vezes, a certa altura ela me encarou e me lascou um beliscão...
- Olha a sua filha esta me beliscando!!!...
A mulher na hora deu varias palmadas na menina além de uma bronca bem dada, a garotinha se encolhei e passou a me olhar com o rabo dos olhos.
Teve varias ocorrências como esta que eu relatei de crianças perseguindo crianças e de criança tentando intimidar adultos, mas estes casos que relatei foram os que marcaram minha vida, por isso digo: criança tem maldade sim, a maldade já nasce com a pessoa, acredito que estas são as que vencem na vida pisando nas outras, e pessoas como eu passam na vida desapercebidas, sendo perseguidas por seus colegas e superiores na vida, eu sofri muito desde de que entrei para o mercado de trabalho, tanto em empresas como nos hospitais em que trabalhei, no meu ultimo emprego sofri com profissionais da minha área e com supervisores também, agora sou aposentada, mas tenho uma família toxica, da qual me afastei mudado de cidade, apesar de serem cidades próximas, mas estou sem contato com meus irmãos, não sei ate quando...